sábado, 22 de novembro de 2014

Amor [2]

Arte de Safira Saldanha
Amor [2]
 
Acordo e na distância o pensamento,
Barganha na minha alma atormentada,
Vontades e desejos, ah, tormento,
Daquele que em meu peito faz morada.
 
Eu queimo sobre o leito sem alento,
No ciclo do meu cio, despudorada,
Profunda tempestade sopra o vento,
E açoita minha fera, aprisionada.
 
Na jaula do meu quarto me levanto,
Pois sei que mais um dia seguirei,
Na solidão de mim, no meu vazio.
 
Arrumo meus lençóis e vou, portanto,
Lavar da face o sonho que sonhei,
No meu delírio, no meu desvario.
 
Edith Lobato - 09/07/13


domingo, 9 de novembro de 2014

Amor

Arte de Safira Saldanha
 Amor
 
Amor quando me deito a tua imagem,
ressurge sedutora em minha mente.
Fechando os olhos vou nessa viagem,
sorver dos teus carinhos, docemente.
 
Aflora-me o desejo a paisagem,
Do corpo teu desnudo em minha frente.
Mas quando te procuro estás ausente.
No fundo eu sei que é sonho, é só miragem.
 
Porém nessa miragem me lambuzo,
E deixo-me levar em teus abraços,
Na imagem de nós dois em pleno amor.
 
Quimeras, devaneios que produzo,
Por desejar-te aqui junto ao meu lado,
E não no imaginário desse ardor.
 
Edith Lobato - 10/07/13


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Falso amor

Arte de Safira Saldanha
Falso amor
 
Àquele homem que não pode ver mulher,
Seu único compromisso é com o sexo.
Usa cantada copiada, ele é sem nexo,
E faz de tudo para, sempre, aparecer.
 
Ele se acha o tal sarado e gostosão,
E até se mostra garanhão pra todas elas,
Mas a verdade é que ele é um matusquela,
Que na carteira não existe um tostão.
 
O celular que ele usa é avançando,
Tem facebook, whatsapp e até wifi
Ele faz pose, tira foto no instagram
Porque, no fundo, ele é somente um dom juan,
Que não tem crédito pra uma ligação.
 
Ele é bacana, bom de papo e cativante,
Quando lhe falam em trabalho se arrepia,
Mas se a mulher lhe der presentes, alegria,
Ela se torna a bem amada, o seu mirante.
 
Edith Lobato – 31/08/14


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Saudades

Arte e formatação de Safira Saldanha
 

Saudades
 
Tão cheia de saudades fui dormir.
Mas te levei comigo bem juntinho.
Debaixo dos lençóis com teu carinho,
Fiquei sonhando até me sucumbir.
 
Nas incursões do sono eu prosseguir,
Te desejando mais que raro vinho,
Que a gente toma bem devagarinho,
E sente o seu sabor nos possuir.
 
Assim, por esses vales noturnais,
Andei contigo pelos roseirais,
Que achei que passeávamos no céu.
 
Mas ao nascer das horas matinais,
Saudade me açoitou, bateu demais,
Então me vi sozinha, andando ao léu.
 
Edith Lobato - 08/06/13

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Decisão

Arte e formatação de Marsoalex - RJ
Decisão
 
Que fazes tu, quando te busco em pensamento,
Quando me sinto esvair na solidão de minha dor,
Quando em minha alma dilacera um grã tormento,
Que fazes tu que não estendes sobre mim o teu amor?
 
Que faço eu nestes caminhos de lamentos?
Imersa em lágrimas sulcando este meu rosto,
Dia após dia condenada ao isolamento,
Que faço eu a ruminar este desgosto?
 
Eu me desfaço deste laço que me prende,
Que vive em mim como posseiro e senhor,
A usurpar a luz que em mim ainda ascende,
Uma ternura caminhando em meu favor.
 
Basta! Não quero mais sorver o fel desta cicuta,
Nem terminar os dias meus no calabouço,
Rendida em prantos, em tristeza absoluta,
Andando em vida como simples, mero esboço.
 
Edith Lobato – 29/07/14

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sabor de romã

Sabor de romã
 

Compensa as horas perdidas nos meus braços.
Descansa teu ser nas sombras do meu éden,
E sobre o tecido, macio, dos véus do meu regaço,
Energiza-te na infrutescência da flor cheia de pólen.
 

Oh vem banhar-te nas águas dos rios do meu amor,
Onde os sons de Gaia serão esquecidos entre nós,
Na simbiose das almas que se fundem no dulçor,
Desta alquimia que pulsa e que escorre de nossa foz.
 

Todo este sonho lúdico sonhado em minha aurora,
Tem a textura da seda e o sabor suave de maçã.
A força dos ventos velozes que assanham a flora,
E o veludo vermelho das doces e saborosas romãs.
 

Sobre o fio do punhal que o tempo sibila,
Bebe este vinho que oferto em cálice de ouro,
Poliniza meu ser no teu ser, saboreia e destila,
Meu coração, minha alma, em tempo vindouro.
 

Edith Lobato – 29/09/14

domingo, 21 de setembro de 2014

Amor romântico

Arte de Marsoalex - Poeta - RJ
Amor romântico
 
Amor romântico,
Guardado anos e anos
Em canteiros floridos.
Germinado em pores de sois,
Em luares azuis,
Em lagunas cristalinas,
Nas reminiscências da memória.
 
Nos desencontros da vida,
Em rotas distantes,
O condor voava,
Porto em porto.
E o amor suspirava,
Na combustão da alma,
Túrgida de sonhos.
 
No esgoto do tempo,
A vida corre e envelhece
A matéria que caminha
No labor da sobrevivência.
No fim do sonho juvenil,
Volto a te encontrar
No quarto crescente
Da minha vida e, agora,
Posso te chamar de amor.
 
Edith Lobato – 27/07/14

domingo, 14 de setembro de 2014

Você

Arte formatação da poeta Marsoalex - RJ
Você
 
Meu anseio no ensejo
Do desejo represado.
Mergulhado na foz
Do luar dos teus olhos.
O sabor de maçã oculto
No mar revoluto da emoção,
Onde te penso e te sinto,
Qual especiaria afrodisíaca.
 
O fetiche que trafega na memória,
E insulta a minha insônia,
Abrasando meus sentidos,
Quando a madrugada vem,
E me traz a tua voz.
 
É difícil encontrar
Explicação para o que sinto.
 
És o vinho que explode
Escorrendo pelo imo,
Embriagando cada artéria.
Sem te achar junto de mim,
Na ausência de teu corpo,
O meu corpo se implode
No desejo de ter.
 
Edith Lobato – 28/07/14

domingo, 24 de agosto de 2014

Saudade II

Arte de Marsoalex
Saudade
 
Valsa de amor
bailando
dentro de mim.
 
Edith Lobato

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Ponderação

Ponderação

 
Quando o mal se mostrar em evidência,
Não se deixe possuir sem um combate.
Tome a voz da razão, não se maltrate,
Pois o mal só destrói a nossa essência,
É danoso e nos leva à decadência.
Quem pratica envenena o coração.
Nele tudo é sofrer e confusão!
Com seus nos atrofia o pensamento,
Causa dor, amargura, isolamento.
É caminho que só traz destruição.
 
 
Edith Lobato - 03/06/10

domingo, 17 de agosto de 2014

Saudade I

Arte de Marsoalex
Saudade
 
Carícia solitária,
no meu submundo,
que faz rir e chorar.
 
Edith Lobato - 2013

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Teoria literária do Overtrip

Imagem coletada no Google Imagens
Teoria literária do Overtrip
 
O Overtrip é um poema monostrófico, formado por 32 palavras distribuídas em 11 versos. A composição de seu nome tem como base a forma de estruturar o poema, ou seja: A letra (O) vem de Onze. A sílaba (Ver) vem de Verso; a sílaba (Tri) vem de Trinta e dois – número de palavras que formam o poema e finalmente, a letra (P) vem do Pensamento concreto que o poema deve ter. No Overtrip, os versos ímpares (01, 03, 05, 07, 09 e 11) contém duas palavras e os versos pares (02, 04, 06, 08 e 10) contém quatro palavras, totalizando 32 palavras no poema. Tema e rimas são livres e o título é obrigatório. O criador do Overtrip foi o poeta Celso Correa de Freitas, que nasceu em Itaperuna e atualmente mora em Praia Grande, onde preside a Casa do Poeta Brasileiro.
 
Libertação
 
 Água parada
 No fundo do coração
 Cria mosquito.
 Envenena corpo e alma.
 Tomba, derruba,
 Joga sonhos por terra.
 Faz estragos
 Em toda uma vida.
 Voa alto...
 Quem não guarda rancor
 Vive feliz.
 
Carlos Alberto Fiore - Limeira/SP
 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Teoria literária do Galope à beira mar

Imagem coletada no Google Imagem
Teoria Literária do Galope à Beira Mar
 
O galope à beira-mar foi criado pelo repentista cearense José Pretinho. Conta-se que ele, após perder um duelo em martelo agalopado, foi retirar-se à beira-mar, e ali, vendo e ouvindo o marulho das águas, imaginou o som de um galope. E fez os versos de onze sílabas (hendecassílabos), com a mesma estrutura de décima (estrofe de dez versos). Manteve o esquema rímico ABBAACCDDC usual no martelo agalopado.
 
 Assim, o Galope à beira mar é uma décima, cujos versos são hendecassílabos, ou seja, versos que têm 11 sílabas poéticas. Muito praticado no Nordeste do Brasil. No Galope à beira mar, as tônicas ficam nas posições 2, 5, 8 e 11 e produzem o som (ta-tá) (ta-ta-tá) (ta-ta-tá) (ta-ta-tá). As rimas do Galope à beira mar são: ABBAACCDDC.
 
Obs. O Galope à beira mar deve terminar sempre com a palavra mar ou com o termo Galope à beira mar.
 
Voz do poeta
 
Os versos cantados, mensagens de amor, - (A)
Transmitem as dores, algozes do peito – (B)
E deixam prostrados, sem clima e sem jeito, – (B)
Quem busca o consolo e a ilusão de supor – (A)
Que a vida é mais bela na voz de um cantor. – (A)
A voz de um poeta, perdido ao luar – (C)
É um grito da alma... O poder de falar – (C)
Da angústia, dos medos, dos males, da vida – (D)
Da sorte distante, esperança perdida, – (D)
Das lágrimas quentes, salgadas qual mar. – (C)
 
Carlos Alberto Fiore - Limeira/SP
 
Detalhes
 
Exemplo de um verso hendecassílado = verso com 11 sílabas poéticas:
 
Os/ ver/sos/ can/ ta / dos,/ men/ as / gens/ de a/mor
    1     2      3     4     5     6        7     8      9      10    11
 
As sílabas tônicas grifadas (2, 5, 8 e 11) seguem em todos os versos.
 
Rimas:
A (Amor, Supor, Cantor) – B (Peito, Jeito).
 
C (Luar, Falar, Mar) – D(Vida, Perdida).
 
Fontes para pesquisa e estudos